Começo hoje uma serie de posts dedicados ás mulheres que estiveram na minha vida. Com elas aprendi tudo o que sei, acerca de mim e delas, porque não há como uma mulher para um homem se conhecer.
Os nomes são ficicios (... ou não!) mas as situações são completamente verdadeiras. Vou seguir uma ordem cronológica, por ser a unica justa, porque dentro das importâncias relativas e devidas, todas foram importantes, mas algumas foram mais importantes que outras.
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Patricia
Era loura e tinha uns olhos em amêndoa, que lhe dava um ar selvagem.
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Ela andava noutra turma e já nem me lembro como é que reparei nela... Rebuscando nas memórias acho que é capaz de ter sido no refeitório. Uma pessoa com 12 anos ainda não sabe reter na memória aquilo que vai ser importante.
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Estava no 2º ano da Preparatória e estava muito bem! Pela primeira vez gostava de ir á escola, que era um sitio arejado, amplo, moderno. Foi ai que tive os meus primeiros amigos, daqueles que nos escolhem em primeiros para os trabalhos de grupo, mesmo quando nós ficámos, de propósito, quietinhos no nosso canto. Daqueles que nos convidam para as festas de anos (mas não iam ás nossas... Fazer anos em Agosto é lixado!) Daqueles que nós, na nossa ingenuidade da idade, acreditamos de vamos ter para toda a vida.
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Também foi aqui que comecei a conviver com raparigas. Até então tinha feito toda a primária em turmas só de rapazes (Obrigado, Estado Novo!...) Na Preparatória descobri que havia outras raparigas no mundo para alem da vizinha do lado.
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A minha primeira impressão é que elas tinham uma letra esquisita, assim redondinha, muito certinha e todas tinham a mesma letra que escreviam nos mesmo cadernos cor-de-rosa ou ás florzinhas. Para alem disso gritavam muito, eram aplicadas nas aulas e não jogavam á bola, apesar de andarem em bando como nós.
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E eram giras...
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Eram tremendamente giras com aqueles cabelos compridos e uns olhos completamente diferentes dos nossos. Desde então a minha perdição são os olhos das mulheres. Olhos como os da Patrícia...
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A Patrícia...
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Passei o ano lectivo todo a adorá-la de longe. Nunca lhe falei, apesar de o ter podido fazer em duas ou três ocasiões. Descobri-lhe o nome através de um colega que tinha um amigo na turma dela, mas nem mesmo assim arranjei coragem para lhe falar. E se a tivesse, diria o quê?
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Por isso limitava-me a adorá-la de longe. A dada altura a coisa passou a ser tão obvia que já a escola toda sabia e ela passou a olhar para mim. Ás vezes ria-se ou sorria, o que me fazia disparar o coração a mil á hora, numa reacção física que nunca mais senti.
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No ultimo dia de aulas, ao sair do portão, um amigo disse-me
-Agora nunca mais a vês...
-Pois não! – Disse eu sem olhar para trás.
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Passados dez, talvez doze anos estava eu a passear no calçadão da Costa da Caparica, no meio da multidão que ia ou vinha da praia e vejo-a. Apesar do tempo passado reconheci-a imediatamente e novamente o meu coração disparou. Um minuto depois ela já tinha desaparecido. Paralisado, também não lhe disse nada.
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Foi nesse dia que aprendi que, apesar do tempo não voltar para trás, a vida dá-nos sempre uma segunda oportunidade.
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Se a agarramos ou não, já é outra coisa.
How to Conquer Your Biggest Fear
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