sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Balanço

Conceito: Balanço – Para cá e para lá, como um baloiço. Os mais e os menos, as situações e os pontos. Valeu? Vale sempre a pena, sem uma alma pequena.
______________________________________________________________

Se 2009 foi um Anno Terribili, já 2010 foi um Anno Turvus.

Basicamente, enganei-me!

Enganei-me nas esperanças, enganei-me nos lugares, enganei-me em alguns amigos, enganei-me na maior parte das mulheres, até me enganei no meu peso. Mas principalmente enganei-me em mim. E no fundo é deste ultimo engano que nascem todos os outros.

Mas é bom enganar-nos.

Significa que se tentou, que se percorreram os labirintos da vida em busca do bocado de queijo, como um ratinho de laboratório. Significa também que a cada engano e a cada recuo, fiquei mais perto da saída e a saber que não sou como os outros ratinhos que ficaram lá atrás, assustados á entrada do labirinto, á espera que “algo” aconteça.

Cada engano, no fundo é a eliminação de uma hipótese errada, ficando no fim e por eliminatórias, aquilo que efectivamente é importante. Implica alguma resiliência à frustração e um constante pôr em causa aquilo que se tomava como adquirido, nomeadamente quem sou, o que aqui faço e para quero ir.

Por isso, tendo sido turvo, foi um bom ano.

I can see clearly now, the rain is gone,
I can see all obstacles in my way
Gone are the dark clouds that had me blind
Its gonna be a bright (bright), bright (bright)Sun-Shiny day.

I think I can make it now, the pain is gone
All of the bad feelings have disappeared
Here is the rainbow Ive been praying for
Its gonna be a bright (bright), bright (bright)Sun-Shiny day.

Look all around, there’s nothing but blue skies
Look straight ahead, nothing but blue skies

I can see clearly now, the rain is gone,
I can see all obstacles in my way
Gone are the dark clouds that had me blind
It’s gonna be a bright (bright), bright (bright)Sun-Shiny day.


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Natal

Conceito: Natal – “Noite de paz…” etc e tal, e isso tudo, pois, pois!


__________________________________________________________

Não sou o único a achar que está toda a gente cheia de trabalho, pois não? Mas assim mesmo muito trabalho, daquele que até faz mudar o cheiro às camisas e não deixar um gajo actualizar os blogs em paz? Daquele que não apetece mesmo nada fazer e que põe os chefes histéricos quando não é feito, mesmo que não o tenham dado para fazer?

Pois...

Bem me parecia...

O Natal não devia ser nesta altura!

É que é uma conjuntura brutal! Reparem: Filhoses, jantares e compras por um lado; fecho de ano, relatórios e vendas de última hora, por outro; juntamente com reveillons, passas e cuecas azuis.

Ninguém aguenta!

Se ao menos o Natal fosse como antigamente, há muitos, muitos anos, eras tu uma criança, no dia 6 de Janeiro, antes do Gregório XXCVIII se lembrar que havia dias a mais e alterar esta coisa toda; ao menos tantos não tinham tanto que fazer em tão pouco tempo.

Por outro lado quem é que se lembrou em ter o final do ano nesta altura, assim no meio do nada? Não fazia mais sentido ter o final do ano aí por Setembro ou Outubro, depois das férias e no início das aulas? Não é aí que sentimos que o ano começa? Assim que chegamos bronzeados de Benidorm ou Cancun (em tempos de austeridade fica mal dizer que se esteve nas Seychelles...) e rasgamos o número de telefone do nosso amor para todo o sempre que encontrámos no lobby do hotel, faz hoje 15 dias.

Alem disso, o Natal ficava muito melhor em Maio ou Abril, que assim sempre se podia curtir uma de pastor e ficar ao relento a ver as estrelas, ou passear à noite junto ao rio com mirra, ouro e incenso. (Já agora, alguém sabe o que é mirra?)

Vou pensar neste tema e voltar a ele lá para Fevereiro, quando achar que não está com nada andar à chuva de bikini no meio da rua, a dançar o samba. Mas não fazia mais sentido o Carnaval ser em Agosto???

Olhem... Vou adoptar o Calendário Maia e lixar-me para isto tudo!

Cancun aí vou eu!


quarta-feira, 24 de março de 2010

Carta para a minha filha


Lembro-me da primeira vez que te vi.

Estavas deitada na maternidade, com umas horas apenas, de lado virada para o vidro que me separava de ti.

Lembro-me de uns olhos grandes, escuros, que me olhavam (se é que os bebés olha para alguma coisa) e lembro-me de, a meu lado, a tua avó dizer-me:
- È ela...

E eras!

Diz-se que a nossa vida muda quando casamos. É mentira! Ela muda mesmo é quando os filhos nascem. É um antes e um depois. Tudo muda!

Olhei para ti e lembro-me de pensar: - Uau... Agora sou pai... – Foi o momento em que interiorizei que, por um lado o seria para sempre, e que por outro não fazia a mínima ideia do que isso implicava.

Nunca ninguém nos prepara para ser pai. Os outros homens que já são pais há mais tempo, quando sabem que vamos pertencer ao “clube”, só nos dão os parabéns e palmadas nas costas, mas não nos dizem como é

E mesmo que dissessem? Uma coisa é saber o caminho, outra é percorrer o caminho.

Sabes o que foi mais assustador para mim? Foi perceber que tudo o que eu fazia e dizia, podia e era absorvido por ti, tomado com modelo e que iria determinar toda a tua visão do mundo e a forma como te relacionas com ele.


Por isso é que sempre nos esforçamos (eu e a tua mãe) por te dar uma visão o mais larga possível do mundo. Gosto de pensar que te vais lembrar do restaurante árabe ao lado da loja judia em Paris, ou que as múmias são só reis antigos. ( Apesar de achar que a Bela Adormecida ou a Hanna Montana ocupa mais espaço na tua cabeça...)

O mundo é um sitio muito grande e vale bem a pena andarmos nele. Naquilo que poder, vou continuar a ser teu guia. Não sei se sou um bom pai; mas, bolas, juro-te que tento ser um.

Beijo


Martini Man
(No Dia do Pai, a escola da minha filha pediu aos pais para este ano oferecerem alguma cois relacionado com o "ser pai". Eu escrevi-lhe esta carta)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Querido Pai Natal 2

Querido Pai Natal,

Confesso que nunca acreditei em ti.
Logo em pequeno surpreendi o meu pai com um saco de presentes a caminho da chaminé da cozinha (uma daquelas antigas, de pedra, que é tão comum nos prédios dos anos 20) e desde então tu deixaste de existir. A dizer a verdade nunca te conheci.
Hoje sei que foi o materialismo dialéctico do meu pai que o fez adiantar-se-te na sua pressa de me por prendas na chaminé. Dai nunca te ter escrito nenhuma carta.
Até há umas semanas atras, aqui em baixo...
Imaginarás a minha surpresa quando recebi a tua resposta no meu email:

“Querido Martini Man
Agradeço a tua carta e tenho o prazer de te informar que farei os possíveis para satisfazer o teu pedido, uma vez que tens sido um menino muito bem comportado:
A prenda que tenho em mente tem 1,67m - 38 anos e posso dizer que é elegante (49kg para fazeres uma pequena ideia). O cabelo é comprido, escuro com madeixas louras. ..../...”

Não fazes ideia do meu espanto... Tanto por afinal ter sido bem comportado (mesmo “muito” dizes tu...) como por efectivamente não só responderes, como fazeres entregas durante todo o ano. Para não falar do excelente bom gosto que tens. É efectivamente uma bela rapariga...

A partir desse dia, ver-te de trenó voador puxado por renas passou a ser tão factual como o Concorde ou um Ferrari: Raros, mas reais!



Um grande abraço, beijos às renas e os habituais caramelos os elfos.

Teu

Martini Man
PS: Já passou o prazo de devolução e a prenda não tem defeitos. Ela diz que tem mau feitio, mas não acredito. Para dizer a verdade, rasguei a guia de remessa no dia que a vi, e acho que fiz muito bem.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Querido Pai Natal - por Fax, o Barman

Querido Pai Natal,

Espero que esta carta te vá encontrar de boa saúde.

Há coisas que nunca mudam. Basta olhar para a forma como te cumprimentei, a mesma de sempre.

Mas também há coisas que mudam. Já estarias tu a pensar que esta carta vem tarde demais, mas não te preocupes:

Este ano não quero que me tragas nada!

Nada, rien de rien. Pode ser que no próximo ano compense e te peça montes de coisas, mas desta vez estou numa de fazer tudo sozinho. E olha que vou ser bastante generoso comigo mesmo! Tenho um monte de auto-presentes na calha, monte tal que faz o Rudolfo pensar que carregar o teu trenó, afinal de contas, é coisa para meninos.

Porquê? Acima de tudo porque me sinto capaz. Depois, porque de vez em quando é preciso fazermos uma sondagem por nós próprios, a todos os níveis, e perceber se se tudo à nossa volta desabasse nós seríamos capazes não só de nos mantermos de pé mas também de voltar a erguer tudo de novo. Tal coisa deve dar uma paz interior impressionante, e é disso que estou à procura.

Por isso, se precisares tu de alguma coisa, avisa. Também mereces.

Grande abraço!
Fax, O Barman a quem trazes sempre presentes, mesmo quando se porta mal

PS: Moço, em 2010, I'm bringing sexy back!