quinta-feira, 26 de abril de 2007

Dependências

Conceito: Dependência – Aquilo sem o qual não conseguimos viver. O que causa habituação. De uma casa, um quarto, ou um terço. Rotina. Tabaco, álcool, drogas, pessoas.
Namoradas, também
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Se há coisas que me tiram do sério são as dependências.

Uma das piores é a de sentimentos. Não me estou a referir ao gosto de estar com outra pessoa pelo simples motivo de que isso nos faz sentir melhor do que estaríamos se estivéssemos sozinhos. Refiro-me àquelas pessoas que SÓ estão bem ao sentirem-se amadas por alguém, que necessitam de uma relação (uma qualquer!) para se auto-validarem em termos pessoais e sociais.

Geralmente, sendo dependentes e desejarem suprir essa falta desesperadamente, acabam sempre por ter relações muito complicadas e pouco compensadoras porque tendem a atrair vampiros emocionais (indivíduos inseguros e manipuladores que só se sentem bem com gente dependente) o que origina uma relação nada equilibrada.

Em vez de se aproveitarem um ao outro para crescerem como pessoas, para alargarem os seus horizontes e para trocarem prazeres (É assim mesmo: No plural) gastam o tempo todo a gerir ou a apaziguar conflitos, aos quais chamam Amor que, como se sabe, só é do bom se fizer sofrer e morrermos por ele.

Ya...Tretas!

Eu não quero uma namorada que me complete, nem vou ser o complemento de ninguém. Não tenho vocação para vitamina!

Não vai ser por causa dela que me vou sentir bem. Mas é por causa dela que posso ficar MELHOR!

Por isso:

Namorada minha não só pode como deve, continuar a sair com as amigas e os amigos (Sim. Gajos!) sem mim. São pessoas que são importantes para ela, de quem ela gosta e não faz qualquer sentido deixar de as ver, só porque anda comigo. Aliás, se eu gostei dela é também por causa do papel que esses amigos tiveram na vida dela, por isso deixar de os ver é destruir a pessoa pela qual eu me apaixonei. Agora o que pode acontecer é trocarmos de amigos e os dela passarem a ser também os meus e vice versa, mas isso é outra coisa.

Namorada minha tem de ter mais que fazer. Não pode estar sempre colada a mim e muito menos abdicar de coisas que para ela são importantes. Obviamente que cada um será parte importante da vida do outro, mas não seremos TODA a vida. É fundamental partilhar coisas e fazermos coisas em comum, mas isso não pode significar centrar toda a nossa vida no outro. Cada um tem de continuar a existir como pessoa individual.

Namorada minha não deve ter ciúmes. Ciúmes tem a ver com insegurança e posse, não tem a ver com amor. Se eu namoro com ela, então estou com ela e não estou com mais ninguém. Ponto final parágrafo! Do mesmo modo não deve esperar que eu tenha ciúmes. Fico triste e magoado se ela andar com outro, mas não tenho ciúmes. Eu não sou dono dela e ela pode fazer o que quiser. Muito menos faz sentido ter ciúmes de antigos namorados/as e amigos/as, coloridos ou não. Eles foram importantíssimos para cada um de nós e aquilo que somos hoje passa por essas relações, por isso não faz sentido ter ciúmes delas.

Bons Martinis

terça-feira, 24 de abril de 2007

AMOR

Conceito: Amor – “Fogo que arde sem se ver”. Uma razão de viver. A mais alegre das tristezas, a mais triste das alegrias. Algo que nos faz andar parvos e com um sorriso idiota. A comunhão perfeita de duas almas gémeas… Tu e eu...

Ya!... Claro!
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O amor é uma construção cultural.
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É uma convenção social, um manual de procedimentos emocionais, criado por um determinado ambiente social e cultural, que nos diz o que devemos esperar sentir e como nos comportar.
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Pondo de lado os factores físicos, sentimo-nos atraídos por quem nos espelha.
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Começamos a gostar de quem pensa o mesmo que nós, de quem se veste da mesma maneira, de quem tem a mesma postura corporal. Não é por acaso que o Carlos Tê diz “não se ama quem não ouve a mesma canção”
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Todos nós já passámos por situações em que ficamos contentes só pelo facto de descobrirmos que outra pessoa partilha de um gosto connosco. Vermos no outro um espelhamento de atitudes e ideias é uma fonte de segurança para nós. Esta, aliada à atracção, facilmente conduz ao contacto físico, o qual pode ser escalado até ao sexo.
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Se o contacto sexual for regular, ao fim de algum tempo é normal os intervenientes interrogarem-se se amam ou não a outra pessoa.
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O amar é uma forma de legitimar socialmente o facto de agora aquelas duas pessoas passarem muito tempo juntas. É como se dissessem:
“ – Nós fodemos como coelhos, mas com dignidade, porque nos amamos”
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Há a crença de que para cada um de nós existe uma pessoa certa, uma alma gémea por ai; e que encontraremos essa pessoa, por artes mais ou menos mágicas ou obra e graça do D (de Destino ou Deus, conforme a vossa preferência) sem que tenhamos de fazer grande coisa.
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Normalmente os adeptos desta ideia também acreditam que o Amor é uma coisa que aparece naturalmente (quiçá nas árvores…) geralmente consolidando-se com o tempo.
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Considerando que a população humana é de qualquer coisa como 4 biliões de pessoas (algumas das quais já morreram de fome desde que vocês começaram a ler este post) a probabilidade de encontrar a minha alma gémea é menor da de eu ganhar o Euromilhões. Claro que sempre podemos ir para a China ou para a Índia para aumentar um bocadinho as nossas hipóteses, mas os crentes não o fazem, porque de alguma forma as almas gémeas parece que andam sempre por perto umas as outras. Convenientemente, diria…
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Dizer que se ama alguém é cómodo e fica sempre bem. É essa a resposta emocional que se espera de uma pessoa que esteja frequentemente com outra. Aliás... Essa é a ÚNICA justificação que fomos ensinados a aceitar.
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“ – Eu estou contigo porque te amo” – Isto é uma coisa bonita de se dizer. Qualquer outra justificação, mesmo se absolutamente sincera, é inaceitável.
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Estar com alguém só pelo facto de se gostar de estar, pelo facto de estarmos mesmo e completamente quando estamos; é interpretado como sendo um abuso de confiança, que alguém se está a aproveitar do outro, um logro, no fundo...


Mental Note: É muito chato saber que o arco-íris são só gotas de agua e luz reflectida. É que assim deixamos de acreditar em potes de ouro…


Mental Note 2: E Mira? Pois... Tivessem ido! ;-)
Bons Martinis!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

MEDO

Conceito: Medo - Receio, temor. Um frio na espinha, mãos humidas. Algo que nos paralisa, que nos tolhe. Tambem algo que se provoca.
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Há dois tipos de medo: Medo de algo presente e medo de algo futuro.
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O medo de algo presente, de uma coisa que está a acontecer agora, é uma reacção de sobrevivência.
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O medo de algo futuro é o maior inimigo da nossa felicidade. É que o futuro não existe. É apenas uma construção mental baseada nas nossas experiências. Não é real, não existe e as experiencias que lhe serviram de base podem estar erradas. Por isso, as consequências que nós imaginamos como terriveis, dos nossos actos, podem nunca vir-se a concretizar.
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O futuro é a nossa maior fonte de medo. É porque acreditamos que o futuro existe que temos medo das nossas acções de hoje, mesmo quando elas são tão simples como falar com alguem que não se conhece ou pedir um beijo a uma rapariga bonita.
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Ser capaz de ligar e desligar a ideia de futuro é o melhor que podemos fazer por nós. Por um lado podemos fazer planos e por outro viver o presente plenamente, não temendo as oportunidades que surgem.
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Sem medo somos capazes de sar da nossa zona de conforto e viver.
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Só vive quem se desconforta.


Bons Martinis




(E para vos desconfortar eu e o Dumal começamos um blog a 4 mãos aqui: http://exborrachados.blogspot.com/)

sábado, 7 de abril de 2007

RARIDADE

Conceito: Raridade - Algo raro, escasso, invulgar. Que não é comum. Eventualmente precioso, talvez cobiçado, certamente invejado. Uma coisa que já não se faz, cujo molde foi partido.
Eu!
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Recentemente estive a fazer estatísticas com algumas amigas minhas. As estatísticas valem o que valem, mas os resultados foram conclusivos.
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Estavamos a contar o numero de homens e mulheres disponiveis que cada um conhecia (sendo usado como critério de disponibilidade o facto de não ter namorado/a) e chegamos a médias de 4 mulheres para cada homem. Eu não queria acreditar o que elas já há algum tempo me diziam, que não haviam homens disponiveis e que pelo contrário há montes de mulheres disponiveis e interessantes. Demograficamente é impossivel, não há assim tantas mais mulheres do que homes que por si justifiquem uma tal diferença. (A história de haver 7 mulheres para cada homem é puro mito urbano) Mas a estatistica lá estava: Nos nossos circulos e amigos e conhecidos haviam 4 mulheres sozinhas para cada homem.
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Ora isto fez-me sentir uma raridade.
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Não tanto pelo lado convencido de " Hó pra mim, que sou tão bom!" , mas mais pela tomada de consciência de que nos dias que correm um homem bem com a vida e consigo próprio, capaz de falar sobre uma variedade de assuntos, que se cuida e cultiva, sem medo de estar sozinho, ou de assumir uma companhia por gosto e não por necessidade, é efectivamente uma raridade.
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Bons Martinis





(Escrito e publicado a partir do meu portátil novo, o primeiro "móvel" da nova casa.)

segunda-feira, 2 de abril de 2007

CHEIRO

Conceito: Cheiro – Intenso, suave, repulsivo, atraente. Florido, herbal, florestado, contaminado. Putrefacto, pútrido, a ratos, a agua de rosas, a mar. A tardes de sol domingueiras, passadas na esplanada frente ao mar porque ainda está frio para ir para a praia. A areia. A homem, a mulher. A homem e a mulher depois do sexo.
Químico e química.
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Gajos!
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Descobri o segredo da atracção feminina! Aquilo por que elas se passam, que as faz babar e sonhar por mais, o equivalente feminino a ver um "ganda" par de mamas ou um rabo perfeito.
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Pois é…
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E sabem que mais? Mais uma vez ficamos discriminados!
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Eu explico: Numa noite destas, estava eu a beber chá (que nem só de rosso vive o Martini) com uma amiga e um casal de namorados, quando a conversa passa para o cheiro dos homens. De acordo com as amigas cada pessoa tem um cheiro característico (Até aqui já sabíamos) mas esse cheiro “que só se sente à distância de um beijo” é aquilo que pode ou não desencadear aquele cocktail mal cozido de emoções a que elas chamam “química.”
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Nós, os gajos, dissemos que era o mesmo que se passava com o (bom! Podre de bom!) aspecto das mulheres: que era isso que nos fazia atravessar a sala para ir pedir uma dança à menina ( ‘Tou numa de romântico, hoje…Já passa!).Ora esta comparação indignou a metade feminina da mesa! (Ya… gajas…) É que, diziam elas, o aspecto era uma coisa superficial, enquanto o cheiro era algo de profundamente pessoal; ao que nós respondíamos que o aspecto da pessoa também não se muda de um momento para o outro e que ambas as coisas (cheiro e aspecto) eram faces da mesma moeda, uma vez que tinham a ver com o lado físico da pessoa e não com as suas qualidades morais ou psicológicas. Que tanto um como outro são profundas respostas animais que estimulam a actividade sexual.~
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E onde é que nós (gajos!) fomos discriminados, perguntarão?
- Onde é que nós (gajos!) fomos discriminados?
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É que elas podem sempre pôr um implante, ir para o ginásio, cuidar do cabelo ou aprender dança do ventre.
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E nós?
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Deixamos de tomar banho, é?



Bons Martinis!

(Os meus agradecimentos á Teresa que acaba de ser nomeada provadora oficial de Martinis)